segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Assassinato de PM por empresário pode ter sido 'queima de arquivo'

A Delegacia de Homicídios (DH) de São Luís deve investigar a hipótese de "queima de arquivo" como suposta motivação para o assassinato do soldado da Polícia Militar do Maranhão Mário Jorge Lima Silva, de 40 anos. O PM foi morto com dois tiros de escopeta, no início da tarde de sábado (1º), dentro da casa do empresário João Batista Fernandes Costa Rodrigues, o João Capão, de 30 anos, na Rua Pimenta, bairro Olho d'Água. O empresário se encontra foragido e, segundo a Polícia Civil, foi o autor dos disparos, depois de discutir com a vítima.
Ontem à tarde, O Estado acompanhou o sepultamento do corpo do militar, no cemitério do bairro Jota Câmara, localizado no município de São José de Ribamar, e teve acesso a informações que podem ajudar os investigadores a chegar ao que realmente levou ao assassinato do policial.
Sem querer se identificar, alguns colegas de farda do soldado Lima Silva informaram que, há cerca de duas semanas, a vítima teria comentado que seu patrão (João Capão) estava sofrendo "ameaças de morte". Eles disseram ainda que o PM teria morrido porque "sabia demais" sobre a vida do chefe.
"Os dois já trabalhavam juntos há quase três anos e, consequentemente, Mário sabia muito a respeito de João Capão. Apesar de ambos se darem muito bem, algumas coisas parecem não se encaixar no que já foi falado até agora. A primeira delas é o estranho fato de o militar ter supostamente atirado primeiro no patrão e a sua pistola calibre 380 estar guardada no veículo que dirigia, o qual estava estacionado do lado de fora da casa. Na cintura de Mário estava apenas o carregador, e a cena do crime parecia ter sido modificada", afirmou um militar do 8º Batalhão.
Mário Jorge Lima Silva, de acordo com a própria PM, era lotado no 8º Batalhão, porém, nos horários de folga, prestava serviços de segurança particular ao empresário João Capão. O soldado foi assassinado pelo patrão, por volta do meio-dia, entretanto, o crime só foi comunicado ao Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) por volta das 14h30. Os soldados Damasceno e Marques foram até o local e constataram o fato. No chão da casa, os militares viram o colega de farda ensanguentado, com duas perfurações de bala no tórax.
Armas - No endereço, os militares encontraram quatro armas de fogo, entre elas a utilizada pelo assassino, uma escopeta calibre 12 mm. As demais armas identificadas foram uma espingarda calibre 28 mm; um rifle Puma calibre 38 mm e uma pistola calibre 380 mm. Além dos PMs, esteve no local do crime a equipe de investigadores do Plantão Central do Cohatrac, liderada pelo delegado Mário Adriano Nunes, que colheu as primeiras informações sobre as circunstâncias do crime. O primeiro a ser interrogado foi o pai do empresário João Capão.
Identificado apenas como "Seu João", o pai do suspeito confirmou à polícia que o soldado trabalhava como segurança do filho e que os dois tiveram um desentendimento motivado pelo aluguel de um carro que estava em poder da vítima. No encontro, conforme o pai do empresário, o militar teria perdido o controle, sacado sua arma e atirado contra o patrão. Em seu depoimento, a testemunha disse que João Capão teria revidado com outros disparos, acertando fatalmente o tórax do policial militar.
O empresário João Capão, segundo informações, é dono de estabelecimentos comerciais ligados aos ramos de hotelaria e serigrafia. Além das armas recolhidas no local e entregues ao Instituto de Criminalística (Icrim), a polícia recolheu um par de algemas, três pendrives, três aparelhos celulares, um cartão de crédito e uma carteira porta-cédulas com R$ 380,00, além de documentos pessoais do policial. O soldado Mário Jorge Lima Silva morava na Rua São Benedito, bairro São Bernardo, e era pai de quatro filhos, sendo três adolescentes e uma criança.

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